Fiquei curiosa por Belo Desastre no minuto em que o livro chegou a minhas mãos. Primeiro, perdi a noção do tempo olhando para a capa, tentando entender seu significado. A primeira coisa que pensei foi em “mistério”. E na música da Kelly Clarkson (ouça aqui). E, enquanto eu fazia a leitura, foram muitos os significados que me vieram à mente. Sentimentos reprimidos, ansiosos por serem liberados. Liberdade e identidades contidas. Personalidade contida. Por fim, uma tentativa de se evitar o Efeito Borboleta, da Teoria do Caos, o qual afirma que um simples bater de asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo. E acredito que a capa represente tudo isso. Provavelmente até mais do que isso.
Sem saber do que se tratava a leitura – eu não havia lido a sinopse (que não faz jus ao livro, à propósito) e adorei não tê-la lido, gostei muito mais de tudo ter sido uma surpresa -, estava esperando por um livro intenso e sensual, o que, de fato, Belo Desastreé. Mas ele vai muito além disso. É também complexo e muito mais profundo do que aparenta ser. Não esperava que questões como família, ganância e prioridade pudessem ser debatidas no enredo.
Não é sempre que me deparo com personagens que fazem de suas características as características da história, mas foi isso que Jamie McGuire fez em sua obra. Não fazia ideia de como o livro terminaria, porque tanto um final feliz quanto um extremamente dramático eram possíveis. A cada momento, eu simplesmente não sabia o que esperar, ao mesmo tempo em que esperava um milhão de acontecimentos diferentes. E essa imprevisibilidade faz parte do relacionamento de Abby e Travis.
Havia momentos em que me irritava profundamente com ambos, porém, também foi impossível não compreender seus sentimentos. Em diversos momentos, senti em mim a dor de Abby e quando pensava em recriminá-la por alguma atitude, colocava-me em seu lugar e percebi que, na maioria das vezes, eu teria agido como ela e me sentido como ela. Vale destacar, também, que a personagem é extremamente racional e isso interfere completamente no que Travis significa para ela. Ele foge a sua razão, que diz exatamente o contrário de suas emoções. Esse choque entre a razão e a emoção só contribuem para intensificar o envolvimento do leitor e o impacto da leitura.
Travis Maddox é simplesmente viciante, contraditório por ser perfeito com tantas imperfeições. O primeiro momento que notei a semelhança do personagem com os sentimentos que o livro desperta foi logo no começo. Abby e Travis desenvolvem uma relação de amizade pelo simples fato de Abby ser a única garota a não se interessar por Travis e isso motivá-lo. Bastou que ela dissesse “não” para ele pela primeira vez para que eu me visse desesperada para vê-los juntos. Quanto mais eu lia, mais eu queria ler, mais eu queria saber o que estava por vir.
Não simplesmente a história é viciante como a narrativa de Jamie também o é. Cada frase da autora é carregada de intensidade, a ponto de atingir o leitor logo nos primeiros parágrafos e envolvê-lo sem grandes esforços. Foram diversos os quotes que destaquei mentalmente enquanto lia, e me vi retornando algumas vezes apenas para relê-los.
Sinceramente, por mais ansiosa que estivesse pela leitura, achei que ela somente seria envolvente, esperava apenas o acompanhamento do desenvolver de uma relação. Porém, fiquei surpresa ao ver como aquilo que há de mais íntimo em cada personagem foi exposto, fazendo-me refletir em diversos momentos. Adoro quando uma leitura me faz analisar sentimentos e reações, e Belo Desastre me proporcionou isso. Quanto mais profundamente eu conhecia cada personagem, melhor eu as compreendia e mais reais elas se tornavam.
Foi visível como as temáticas familiares tiveram um peso importante na história. Elas não só contribuem para dar o suspense ao enredo, como também, e principalmente, para construir a personalidade dos protagonistas. Achei apenas que alguns pontos foram pouco explicados, se considerada a profundidade com que o relacionamento de Abby e Travis foi exposto. Entretanto, deve-se considerar que a história é narrada em primeira pessoa por Abby e, por isso, reflita diretamente aquilo que ela quer ou não falar a respeito. Há fatos de sua vida que ela procura ignorar e, assim, é natural que eles sejam abordados de maneira mais branda, da mesma forma que aquilo que mais interessa a ela seja o destaque da história.
Sobre o final, ele foi diferente do que eu esperava e, embora tenha me agradado, não entrou para os melhores finais que já li. Todo o livro foi intenso demais para mim e esperava finalizá-lo arrebatada, o que não aconteceu. Olhando por outra forma, acredito que tenha sido a conclusão mais perfeita possível, pelo que representou na história, de um modo geral. Desculpem-me por ser tão vaga nesse momento, mas se eu tentar me explicar, acabarei dando algum spoiler.
Por fim, gostaria de falar sobre o título. Inicialmente, achei que ele se referisse apenas a Travis. Porém, a leitura me fez compreender que não se trata apenas de Travis, mas sim de Abby também. E de Travis E Abby. O título é o casal, assim como o livro é o casal. A história é tão completamente ligada aos dois que tudo se funde em apenas uma coisa: o relacionamento deles.
Ainda que alguns pontos da história tenham ficado um pouco vagos, principalmente se considerado o grande suspense feito ao redor deles inicialmente, de um modo geral isso não influenciou em nada a leitura. A graça dela consiste no turbilhão de emoções transmitido ao leitor e em seu grau de envolvimento com a história. Foi impossível querer parar de ler e continuei presa à Belo Desastre mesmo horas após o fechamento de meu exemplar. Para quem gosta de paixões arrasadoras e histórias intensas, essa é uma leitura obrigatória e que foi direto para minha lista de favoritos. Abby e Travis continuarão por um bom tempo em minha mente.
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